segunda-feira, 15 de março de 2021

Audio Livro Alquimia de uma Alma Capitulo IX a batalha do Acre

O INCRÍVEL TÚNEL DOS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS QUE FICOU ENTERRADO POR 700 ANOS Ligando a Fortaleza de Acre ao porto da cidade, a impressionante construção era desconhecida até 1994, quando foi descoberta acidentalmente ANDRÉ NOGUEIRA PUBLICADO EM 10/11/2019, ÀS 09H00 O incrível túnel dos cavaleiros templários, uma das maiores descobertas sobre a ordem medieval - DivulgaçãoO incrível túnel dos cavaleiros templários, uma das maiores descobertas sobre a ordem medieval - Divulgação Uma das maiores marcas da presença dos Cavaleiros Templários europeus no Oriente Próximo é a série de castelos e fortalezas construídas durante as conquistas que sobreviveram séculos de ocupações da região. Um grande exemplo é a Fortaleza dos Cavaleiros, ou Hosn al-Akrād, complexo ocupado e usado para fins militares durante a Guerra da Síria. Entretanto, ano a ano são descobertos segredos escondidos nos confins das majestosas estruturas. Uma descoberta que se destacou ocorreu no final do século 20, momento em que muitos dos castelos eram investigados pelo Levante Sírio-Palestino: trata-se do Túnel Templário, medindo 350 metros de extensão que toma os arredores da cidade de Acre (ou Akka, na Galileia). As descobertas são de suma relevância para a compreensão desse período da história e da atividade templária durante a travessia à Terra Santa. A Fortaleza e o Túnel em no local remetem a conflitos de 700 anos atrás. Em 1187, deu-se fim ao domínio cruzado em Jerusalém, que fora tomada pelo curdo-aiúbida Salah ad-Din, ou Saladino, Sultão da Síria e do Egito. Essa derrota e perda da capital foram os impulsionadores da Terceira Cruzada. Essa Cruzada, comandada por nobres da Inglaterra e da França, acabou por não tomar a capital Jerusalém, mas conseguiram capturar a importante cidade de Acre, antes tomada pelos muçulmanos. Isso se deu por um longo cerco comandado por Guy de Lusignan, que fez com que os habitantes islamitas da cidade se rendessem e permitissem que Acre se tornasse a nova capital dos Estados Cruzados. Com o constante medo da retaliação dos exércitos de Saladino, os cristãos construíram uma impressionante fortaleza de proteção ao redor da cidade. A cidade portuária, antes da ocupação templária, já possuía uma muralha alta. Entretanto, o desespero dos exércitos europeus os levaram a construir proteções quase impenetráveis ao redor da nova base. Acre era uma das mais importantes bases portuárias do Mediterrâneo Oriental, localizada em uma região estratégica para o controle da região levantina. Por isso, ao mesmo tempo em que sua dominação era útil, ela fazia dos templários um constante alvo. Quem a ocupava devia sempre estar atento. Como consequência, os Templários construíram o grande Túnel no subsolo da cidade. Esse Túnel ligava a fortaleza militar ao porto da cidade. Assim, em caso de emergência por ocupações ou destruições causadas por inimigos, existiria uma rota de fuga de fácil acesso. Ao mesmo tempo, o Túnel era uma importante passagem secreta para o fornecimento de suprimentos básicos. E foi o que ocorreu em 1291, quando o sultão egípcio al-Ashrar Khalil atacou Acre e ordenou que a cidade fosse destruída. Para assim impedir uma nova ocupação cristã. Como era de se esperar, as forças muçulmanas transformaram Acre numa cidade desolada, largada às traças e sem maior significância na geopolítica do Levante. Em 1994, mais de 700 anos depois da destruição da cidade, uma mulher fez uma grande descoberta, ao revelar o Túnel dos Templários de uma maneira, no mínimo, engraçada: ela mandou um encanador da região investigar a razão pela qual a drenagem de sua casa estava bloqueada, quando tropeçou numa grande fortaleza subterrânea medieval. Chamados os especialistas, foi revelado que o Túnel era da época das primeiras Cruzadas, sendo uma rara e bela peça da arquitetura da região e que sobrevivera às invasões quipchacas da Dinastia Bahri. O Túnel Templário foi totalmente restaurado e hoje é aberto para visitas turísticas. QUEDA DE ACRE: A DERROTA FINAL DAS CRUZADAS Neste dia, em 1291, a Palestina voltava para mãos islâmicas NATALIA YUDENITSCH PUBLICADO EM 18/05/2019, ÀS 07H00 A queda da fortaleza em ilustração de 1840 - Wikimedia CommonsA queda da fortaleza em ilustração de 1840 - Wikimedia Commons No fim de 1290, a situação no porto mediterrâneo de São João de Acre, hoje a cidade israelense conhecida como Akko, estava para lá de tensa. Baybars, um sultão mameluco do Egito, já havia reduzido o reino de Jerusalém, o mais importante estado cristão estabelecido pelos cruzados, a uma pequena faixa de terra entre Sidão e Acre em 1268. A paz era precariamente mantida pelos esforços do rei Eduardo I da Inglaterra, apoiado pelo papa Nicolau IV. Só foi preciso que um grupo de soldados italianos se metesse numa encrenca com camponeses muçulmanos para que o delicado equilíbrio que mantinha a região sob controle fosse pelos ares. Os italianos católicos encerraram a pendenga degolando os islâmicos e eliminando na mesma leva outro tanto de sírios cristãos. Quando a história da matança chegou aos ouvidos do sultão egípcio al-Ashraf Jalil, ele imediatamente exigiu a cabeça dos assassinos. Pega em meio a uma disputa pela sucessão do trono de Jerusalém, Acre disse não ao sultanato. Em abril de 1291, a cidade acordou cercada por mais de 200 mil soldados muçulmanos. A cristandade correu em socorro de um de seus pontos mais estratégicos na Terra Santa. Cavaleiros templários, somados a tropas inglesas e italianas, partiram para defender o porto. Só que aí já era tarde demais. Em 18 de maio, as forças turcas e egípcias tomaram oficialmente a cidade. Caía o último bastião dos europeus e, com ele, o sonho que por anos alavancou as cruzadas para o Oriente. “Para entender a importância de Acre nesse período, é preciso voltar à sua época dourada, logo após sua tomada, em 1104, por um dos líderes da Primeira Cruzada, Balduíno de Boulogne, mais tarde coroado como o primeiro monarca do reino latino de Jerusalém”, diz Norman Edbury, professor de história medieval da universidade de Oklahoma, nos EUA. “A cidade era um dos mais importantes centros comerciais do mundo medieval, o maior porto da costa da Palestina. Acre era bastante próspera e civilizada, recebendo comerciantes italianos, bizantinos, africanos e egípcios. Sua localização geográfica, ao norte da baía de Haifa, a tornava um canal de comunicação entre o Oriente e o Ocidente e foi muito utilizada pelos cruzados entre os séculos 11 e 13.” Além de ser um centro econômico e político estratégico, Acre, como capital do reino de Jerusalém, tinha ainda um grande valor simbólico para três grandes religiões: a cristã, a judaica e a muçulmana. Sua população chegava a 25 mil habitantes – cerca de 10% de todo o reino. Somados todos os interesses, a cidade trocou de mãos várias vezes desde sua fundação, por volta de 1500 a.C., pelos cananeus, sendo ocupada por assírios, romanos, bizantinos, muçulmanos e cristãos. Acre nas cruzadas O período mais turbulento da vida do porto, contudo, foi durante as Cruzadas, quando foi batizado de São João de Acre. O primeiro revés ocorreu pelas mãos do sultão egípcio Saladino, em 1187, na Batalha de Hattin. Do lado cristão, as tropas do francês Guy de Lusignan, o rei consorte de Jerusalém, e o príncipe da Galiléia Raimundo III de Trípoli. Ao todo, havia cerca de 60 mil homens, entre cavaleiros, soldados desmontados e mercenários muçulmanos. Já a dinastia aiúbida, representada por Saladino, contava com 70 mil guerreiros. Quando os cruzados montaram acampamento em um campo aberto, forçados a descansar após um dia de exaustivas batalhas, os homens de Saladino atearam fogo em volta dos inimigos, cortando seu acesso ao suprimento de água fresca. A cortina de fumaça tornou quase impossível para os cristãos se desviar da saraivada de flechas muçulmanas. Sedentos, muitos cruzados desertaram. Os que restaram foram trucidados pelo inimigo, já de posse do porto. “Em um de seus famosos momentos de clemência, Saladino poupou a vida de Guy, enquanto Raimundo escapou da batalha com sucesso. Com a cidade tomada, o sultão restaurou a fé islâmica e reforçou o sistema defensivo, formado por muralhas que envolviam o porto”, afirma John Hildebrand, professor de história medieval da Universidade de Edimburgo, na Escócia. O gesto magnânimo de Saladino, porém, custaria caro. Em 1189, Guy de Lusignan tentou reconquistar a cidade, num conflito que duraria anos e só seria resolvido com a chegada de um novo personagem: Ricardo Coração de Leão, o rei da Inglaterra. Foi ali, na Terceira Cruzada, em 1191, que o rei Ricardo fez sua fama de guerreiro e conquistou o título de Coeur de Lion ("Coração de Leão", em francês) ao garantir a volta de Acre às mãos da cristandade. Apesar de inimigos e de nunca ter se encontrado, Saladino e Ricardo Coração de Leão se respeitavam. Trocaram presentes e honrarias, culminando num acordo que deixou Jerusalém em mãos muçulmanas. Isso transformou São João de Acre na grande capital dos Estados Latinos na Terra Santa. Seu porto recebeu peregrinos e guerreiros cruzados, como o rei Luís IX da França na Sétima Cruzada, em 1250. Seu retorno à Europa quatro anos depois e a posterior morte durante a Oitava Cruzada deixaram uma lacuna na sucessão do reino de Jerusalém. Sem proteção, a cidade de Acre foi enfraquecida por Baybars. Até que finalmente cedeu, em 1291, às investidas dos mamelucos egípcios. Depois disso, o porto conheceu a decadência, passando posteriormente para o domínio turco otomano e finalmente sendo anexado a Israel em 1948.

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